segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Leituras na infância, Lobato e museus.




“Eu sou Erica Bain e, como vocês sabem, eu caminho pela cidade. Eu reclamo e resmungo, mas eu caminho e observo e escuto... Testemunha de toda a beleza e feiura que está desaparecendo da nossa amada cidade.
Semana passada, minha caminhada me levou às profundezas cinzetas do East River, onde Dimitri Pachencko nada durante as manhas, desde os anos 60.
Hoje eu caminhei pelos quilômetros de andaimes do lado de fora do que era o Plaza Hotel... E eu pensei em Eloise. Lembram da Eloise de Kay Thompson? Eloise morava no Plaza Hotel, com seu cachorro Weenie e seus pais, que sempre estavam viajando, e sua babá inglesa, que tinha oito presilhas de cabelo feitas de ossos.
Essa Eloise. A encrenqueira adorável da minha infância. Uma pimentinha…
Sid Vicious, derramando cerveja dos dentes no Chelsea Hotel.
Andy Warhol, com seus óculos escuros…
Edgar Allan Poe, libertando macacos vivos das caixas de uma escuna naufragante nas margens oleosas da South Street.
Histórias de uma cidade que está desaparecendo diante dos nossos olhos. Seu povo varrido.
Então, o que sobrará dessas histórias?
Nós teremos que construer uma cidade imaginária para abrigar nossas memórias?
Porque quando você ama algo, cada vez que um pedaço disso se vai, você perde um pedaço de si mesmo.
Então, onde Eloise vai dormir hoje?
Você pode ouvir o seu fantasma, caminhando pelos corredores decadents do seu amado Plaza, tentando encontrar o quarto de sua babá, perguntando aos trabalhadores, numa voz que ninguém escuta ‘você viu a minha tartaruga, Skipperdee?’?”


Meu nome não é Erica Bain. Mas eu adoro caminhar pelas cidades. Em especial, sozinho.
A graça é que eu achei Valente o filme mais fraco da Disney,
e que eu amei Valente. Já podem rir.

Me lembrei deste monólogo da adorável, charmosa e perfeita Foster enquanto caminhava sozinho pelo MAM na quarta passada, vendo obras de arte moderna e me lembrando da minha esquecida constatação de que eu gosto bastante de arte moderna, embora não ache que seja o tipo de coisa que deve ser pendurada na parede da casa de alguém, ao contrário da arte modernista, que eu simplesmente não gosto (embora reconheça a importância).
As palavras da Bain em Valente me assombram há muito tempo, num dos filmes mais emocionais que já vi. Acho que já fiz menção a esta citação antes. Não tenho certeza. E pensei que seria uma ótima forma de começar este post, que nasceu de um pedido de uma amiga há algumas semanas.



Eu nunca li os livros da Eloise. Vi os filmes quando criança, possivelmente na Globo, mas assim como Nárnia, que só vim a ler depois de ter barba e uma porção de cabelo branco precoce (um minuto de silêncio, por favor. Já deu um minuto? Então tá, pode seguir a leitura.), os livros não fizeram parte da minha infância.
Skiperdee tá ali. Rimou.
Comecei minha “carreira” literária como todos começam, ouvindo histórias contadas pelos mais velhos. Minha mãe lia para mim contos de fada os europeus e minha avó paterna às vezes me contava histórias da mitologia* brasileira. Na época eu gostava um pouco mais das histórias que minha avó contava, mas não era particularmente fã desta última também. Os filmes da Disney eu já gostava bastante... Em especial Mulan, meu amor eterno.
Pouco depois de eu aprender a ler, minha mãe deu definitivamente o pontapé inicial no meu maior vício, ao fazer uma assinatura das revistas da Turma da Mônica para mim. Isto foi o que me deu efetivamente o gosto pela leitura.
(*deixando registrado aqui que não sou um daqueles chatos que faz separação hierárquica da cultura erudita/popular, apenas prática, e que acho que não há nada mais belo do que o registro que o povo guarda das suas tradições).




Ainda tenho bem guardadas as mais de 200 revistinhas. Eu adorava. Li durante três anos, ou algo assim, e de vez em quando volto à minha coleção. Não gosto dos números que surgiram depois disso, no entanto.
Aquela edição com eles adolescentes meio que me irrita e faz meu primordial instinto de implicante gritar dizer que não devo chegar perto. As edições normais também parecem ter perdido a qualidade, mas devo admitir que há a possibilidade de que eu apenas mudei de gosto. Foi o meu "Entre profundamente no reino das palavras."


Quando eu tinha uns 6 anos, eu estava no cinema e vi um trailer de um filme que me encantou incrivelmente: Harry Potter e a Pedra Filosofal. Não lembro o que aconteceu primeiro, se eu vi o filme e depois o livro ou se o contrário.
Mas eu li. E muito.

A Rowling marcou minha infância e é a representação máxima da literatura estrangeira na minha infância e parte da adolescência. Hoje em dia eu tenho uma série de críticas ao rumo que ela deu à série e a ela também, em virtude de alguns comentários que ela fez sobre algumas coisas, nominalmente ao C.S. Lewis, de quem falarei mais adiante. No entanto, ler sobre como um certo senhor de barba branca pontuda estava na porta do escritório do Sr. Dursley ainda me traz um sorriso, e ler sobre a morte desse mesmo senhor ainda é certo de me trazer algumas lágrimas.
Acho que nunca escutei que alguém dissesse simplesmente “Não gosto de Harry Potter, acho insuportável”.
Através de Harry Potter eu ouvi falar do Gaiman pela primeira vez (e pela segunda também, na verdade), nas alegações de plágio a Os Livros da Magia.


Aos oito anos eu li O Alquimista e adorei. Muito. Não vou entrar na discussão se Paulo Coelho é literatura ou não, acho isso muito inútil cansativo.
Nos dois anos seguintes eu li vários livros do Coelho, mas acho que até hoje o que mais gostei é O Alquimista. Hoje em dia, com outra mentalidade, não sou mais grande fã do estilo literário dele, em especial no que tange a auto-ajuda, movimento hippie e entorpecentes, mas não sou nem hipócrita e nem caxias para dizer que não leio ainda hoje.
Ao mesmo tempo eu lia a Coleção Vagalume, em grande parte influenciado pela bibliotecária do meu colégio, dona Lígia, uma pessoa muito agradável que me recomendava sempre um livro para levar para casa. Muito amor por bibliotecários S2

Intervalo comercial: já escutaram Shake Sugaree? Adoro essa música desde o momento em que a descobri. A Cotten é uma fofa. *--*



Ok, lá para os meus dez anos eu li Sidney Sheldon. Eu AMAVA. Hoje em dia eu sou chato, implicante e crítico da receita pronta e amalgama de clichês que são muitos dos livros dele, mas Tracy Whitney foi uma das minhas primeiras paixonites, e acho seguro afirmar que vem daí meu gosto pelo estilo explícito de Manara e Gostos.
Tentei não falar de pornografia ao falar de Sheldon, mas eu. Não. Resisto. 

Aos 13 eu ganhei meu primeiro livro do Gaiman (e Terry Pratchett), Belas Maldições. A partir daí meu gosto literário se especializou na literatura fantástica (tanto cânone quanto contemporânea); releituras; contos de fadas, mitologias e afins; literatura fantástica latino-americana e um pouco de ficção científica.
Acho que posso dizer aqui sem ser apedrejado que também gosto da literatura erótica (nominalmente de Cortázar, com As Babas do Diabo e A Senhorita Cora e do erotismo presente nas músicas de Florence and the Machine, em especial Spectrum e Howl, entre todas as outras.

Em algum momento da minha infância pararam nas minhas mãos livros do Dan Brown (que eu acho preferível ao Umberto Pedante Eco), Philip Pullman (que eu não gostei na época e gosto menos ainda hoje) e livros de mitologias em geral. Estes últimos tenho em grande estima, sempre e para sempre.
 (um aposto antes de ir ao próximo tema: não tenciono discutir também se a literatura faz apologia a discursos de ódio ou se os denuncia, isto é uma questão de ideologia do leitor, já testemunhei debates bastante acalorados quanto a este tema e ambos os lados tem argumentos que reconheço como válidos).



Apesar de tudo, o maior nome na literatura nacional para mim era o Monteiro Lobato. Conheci através do Sítio do Picapau Amarelo que passava na Rede Globo. Lembram da Eloise da Bain, procurando Skipperdee? A minha era a Emília, aquela Emília que diz “Sr. Hércules, afogue o Leão de Neméia”. Aquela Emília linda e fofa com pintinhas leves no rosto, interpretada pela Isabelle Drummond foi (e segue sendo), sem sombra de dúvidas, minha primeira paixonite. Minha relação com Lobato é de amor e ódio. Amava quando criança, me distanciei durante a adolescência, voltei a me aproximar nos últimos anos. Em leituras mais recentes, percebi coisas que não tinha notado antes, e isto me deu uma certa tristeza (e vontade de atirar pedras). A vontade de jogar pedras passou quando notei que estava julgando um autor nascido há mais de um século com a mentalidade e ideologia que se tem hoje.
O pesar continua.

Não estou dizendo que a ideologia racista dos diários e cartas de Lobato seja agradável, muito pelo contrário. Mas acho pura estupidez o movimento que visa censurar os livros do homem. Ao invés disso, me parece muito melhor ensinar aos leitores que alguns dos discursos veiculados por ele pertencem a uma época à qual não devemos voltar.



Comparo sempre Lobato a C.S. Lewis: ambos fazem parte do cânone da literatura fantástica e da literatura infantil, tendo criado universos que influenciaram muitas obras subsequentes e ambos são polêmicos hoje em dia, com uma multidão de escritores, leitores, pesquisadores e professores criticando tanto as pessoas quanto às obras em um número de pontos, como racismo, misoginia e a forma de representação dos elementos de interesse.
Daí surge a minha crítica ao posicionamento da Rowling e minha implicância com Pullman é reacendida com força: ambos julgam Lewis com base no que se entende hoje como correto, sendo que Lewis morreu antes sequer do nascimento dela, e é impossível negar o quanto Lewis influenciou Pullman. Influenciou tanto que poderíamos dizer aquela palavrinha que começa com "p" e que os críticos de editoras favoráveis substituiriam por "releitura". But that's none of my business.



De todos os textos que li falando sobre Nárnia, um dos poucos que teve sensibilidade e tato o bastante foi O Problema de Susan, de ninguém menos que... o Gaiman. Deixando de lado o meu amor natural por ele, O Problema de Susan tem delicadeza para se dirigir a um tema difícil. Para quem ainda não leu, está em Coisas Frágeis, e é um conto extremamente perturbador, emocionante, forte e que lembra que nós não somos juízes.
Acho difícil ler o conto e não se sentir tocado pelos personagens e pensar em Susana de uma outra forma. Não recomendo a leitura para quem ainda não leu os sete livros d'As Crônicas de Nárnia.

Voltando a Lobato: deve ter uns cinco anos desde que li algo relacionado ao Sítio do Picapau Amarelo, a última obra dele que li foi O Presidente Negro, que me dá uma mescla de indignação e tristeza.
Mas terça passada, minha paixonite pela Emília foi reacendida com força, bem como os meus problemas com o Pessoa, heterônimos e ortônimos foram amenizados, problemas estes nascidos da pura implicância do aluno que teve que engolir Pessoa durante cinco anos seguidos.



Lembram quando eu disse que gostava de caminhar, e ainda mais sozinho?
Na terça eu estava com alguns familiares no lugar que mais me encantou em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa, um lugar que é amor em seu estado mais puro. É um lugar encantador, onde eu poderia passar um dia inteiro brincando com os monitores com informações sobre a etimologia, pronuncia e significado de diversas palavras, brincando de formar palavras no Beco das Palavras e vendo a linha do tempo.

Esta parte é agradabilíssima, mas não é o melhor. Tampouco é o vídeo apresentado lá.
O mais lindo é a Praça da Língua, que é definido como “uma experiência multimídia”.

Eu não colocaria com essas palavras.
Eu usaria uma série de adjetivos, partindo de “perfeição” e parando em “emocionante”, com largas escalas em “único”, “belo”, “genial” e “profundo”.
Durante os cerca de 20 minutos de duração, eu experimentei uma mescla de sensações. Fui absorvido pela sensação maravilhosa de que eu estava andando sozinho ali, assistindo aquela procissão de citações, interpretações e leituras de obras escolhidas à mão e colocadas na ordem adequada.





No link abaixo está uma gravação feita por alguém (comentário óbvio é óbvio). Caso resolva ir lá, recomendo fazer sua programação tendo em mente que dia de terça o MASP e o Museu da Língua tem entrada franca, e que o Theatro Municipal tem visitas guiadas gratuitas terças e quintas. O vídeo todo vale à pena ser assistido.

Em 05:35 está a razão para eu ter me lembrado que minha relação de amor e ódio com Lobato pende para o lado do amor, da minha paixonite pela Emília e de eu ter vertido algumas lágrimas solitárias no escuro.



(caso o link se torne indisponível por algum motivo, tentarei dar uma marcação de spoiler à citação. Acho que passar o mouse em cima revela o texto.)

"[Emília]
-A vida, senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme e acorda, dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais [...] A vida das gentes neste mundo, senhor Sabugo, é isso. Um rosário de piscado. Cada pisco é um dia. Pisca e mama, pisca e brinca, pisca e estuda, pisca e ama, pisca e ama, pisca e cria filhos, pisca e geme os reumatismos, e por fim pisca pela última vez e morre.
-E depois que morre? - perguntou o Visconde.
-Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"

Monteiro Lobato, em Memórias de Emília (1936).



O primeiro que pensar em falar em ABNT vai levar um tiro virtual. Ou não virtual, quem sabe, já está tarde e eu estou no meio de uma nova xícara de café originalmente descafeinado que eu fiz virar cafeinado, e posso estar enganado, mas acho que estou prestes a descobrir que misturar decaf com caf não é bom para quem está prestes a enfrentar A Besta Nojenta Temida.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Poesia, Luz, contos de fada e beleza: Child of Light.

Sabe aquela coisa que você vê e pensa "Eu tenho que ter isto", e imediatamente entra num hype colossal para tê-la?

Eu não tenho muito isso. E, aliás, se alguma coisa, o Steam me fez repensar o conceito de promoções. Comprar algo numa pré-venda é raríssimo para mim. O último tinha sido justamente Contrast, aquele meu amor S2.
Child of Light mandou e ainda manda uma reação incrível de desejo, paixão e carinho pelo jogo, que é, sob todas as análises, uma verdadeira obra de arte.

Tudo me encantava. Desde a voz da dubladora original ao estilo gráfico pintado à mão com aquarela, passando pelo cabelo belíssimo de Aurora, a premissa e os personagens ligeiramente estereotipados, típicos de contos de fada, e isto me fez forçar meu dinheiro na tela do computador e comprar na pré.

Eu me lembro de dizer que queria literalmente dar um abraço naquele jogo. E eu ainda quero.




Nunca gostei de jogos em turno. Os últimos que tinha jogado antes dele era Sonny (um joguinho de navegador) e Shining Force. A versão de Mega Drive.
Child of Light foi absolutamente tudo o que eu esperava (e olha que eu esperava muitíssimo) e ainda mais. A trilha sonora é linda, a ambientação e os gráficos foram ainda mais.

Cada única linha de diálogo foi feita com bastante atenção. Antes que eu fale mais sobre isso, assistam o trailer.



Capa com Aurora e Sir Firefly, o Vagalume.
Notaram algo? Sim, é dublado em português. O jogo todo é assim, na verdade. Tanto a dublagem quanto o texto (pode ser assim, na verdade, já que você pode escolher outros idiomas. A tradução para o português foi excelente. Prefiro a dubladora original, mas o voice tone pairing e a tradução per se foi excelente.).
Mas não é isso o que estou perguntando. Sim, aquela outra coisa. As rimas.
Absolutamente todas as linhas de diálogo são escritas em verso, e isto já valeria o valor do jogo.
Mas CoL não fica apenas em um jogo lindo, aquarelado e rimado. O roteiro é interessante, e deixa espaço para continuações, tanto para lore, quanto para personagens.
O trailer acima dá uma boa ideia sobre o tema.

A jogabilidade é incrível (embora seja muito melhor se você tiver um controle) e o combate é bem interativo e intuitivo.
Dificilmente alguém conseguirá todas as skills no primeiro jogo, já que a partir do nível 45 é necessário muito XP para upar. No entanto, CoL conta com New Game +, e aí sim dá pra dar master.
Os combates são nivelados e intuitivos, e as animações de batalha são condizentes com o estilo do jogo: simples, belas e bem trabalhadas para cada personagem.
Durante os combates, quando a HP cai abaixo de 30 ou 40% (não lembro de cabeça), dá para notar que o personagem está abatido, cansado, cada um do seu jeito. Aurora fica cabisbaixa, e com a espada mais frouxa, Finn abaixa um pouco o cajado etc... As animações de dodge e ataque são exclusivas de cada classe também.
A animação do cabelo de Aurora, que tem uma importância simbólica moderada, é a melhor e mais linda que já vi, e roubou o primeiro lugar de Alice, de Alice: Madness Returns. O terceiro é da Lara do último Tomb Raider.
Crafting de itens trabalha de forma similar ao de Diablo 2, embora muito mais enxuto, e as gemas muuuuuuuuuito mais comuns.
A física per se também é simples, imaginativa e bela. Voar perto de água é fantástico.

Aurora em pleno voo.


Chega de tecnicalidades, vamos voltar ao que interessa!!! Beleza, poesia e intertextualidades!

Os diálogos dos personagens são espirituosos, em rima, e a construção de cada personagem é redonda, embora muitos sejam arquétipos comuns na literatura, como a dialogia palhaço triste/palhaço bufão.
Há referências a diversos contos de fada e obras da literatura fantástica. Para dizer apenas os mais conhecidos, temos Branca de Neve, Cinderella, a própria Bela Adormecida (qual era o nome da Bela Adormecida mesmo?) e, para minha eterna alegria, O Mágico de Oz (hint hint este personagem reclama que lhe falta uma parte de si, e que não consegue sentir como deveria).


O simbolismo é bonito e inteligente. A coroa foi uma das sacadas mais bonitinhas que já vi. Sob última instância, para um jogo 2D, tem tantos caminhos que eu me perdi mais de uma vez.




Como não amar algo pintado em aquarela?
E com tantos detalhes?




E com tanta expressividade?


Um detalhe que não comentei: apenas a narradora tem voz. Todos os outros personagens falam por meio de texto, o que foi uma mudança agradável no mar de jogos por aí.

Raramente compro qualquer coisa na pré-venda, e muito menos com o preço completo. Paguei em Child of Light e não me arrependi.

Tenho uma implicância considerável com a Ubisoft (distribuidora do jogo), e CoL foi a primeira vez que disso: espero que a Ubi faça uma franquia de CoL. Eu compraria.

A Ubi se redimiu novamente da série de cagadas besteiras que tem feito com Valiant Hearts, mas por mais belo e emotivo que VH tenha sido, não chega ao par que é Child of Light.

E tem mais uma coisa que me fez amar esta lindeza: Aurora, a Filha da Luz, teve na sua edição de colecionador um poster exclusivo de Yoshitaka Amano, desenhista da versão original de Sandman: Caçadores de Sonhos. De novo, como não amar?
Ainda vou comprar essa edição de colecionador



Aurora é a protagonista que eu tanto queria num jogo, viva. Ela mexe com tudo o que eu sempre gostei, e isto inclui, mas não se limita a beleza, poesia, contos de fada, releituras, dragões, referências a diversas obras, metamorfoses, simbolismo e arte.

Baum disse sobre O Mágico de Oz "Ele aspira a ser um conto de fadas moderno, em que o espanto e alegria são mantidos e os sofrimentos e pesadelos são deixados de fora", e Chesterton que "Contos de fada não dizem às crianças que dragões existem. Crianças já sabem que dragões existem. Contos de fada dizem às crianças que dragões podem ser mortos".

Child of Light foi uma mescla de ambos os anteriores: é a criação de um conto de fadas moderno, com espanto e alegria, e que mostra seus dragões, e nos mostra como eles podem ser derrotados.

Child of Light é amor em forma de jogo, e sob última análise, escolheu o caminho menos viajado. E isto fez toda a diferença.

O Caminho Incômodo.

Eu já li muita coisa do Gaiman.
Não li tudo, nem de longe, mas acho que é seguro dizer que já li mais da metade de sua obra.

Eu aprendi a reconhecer as diferenças em seus gêneros textuais. Eu já sabia o que esperar ao abrir um conto ou um romance, identificar uma linha e prever com uma quantidade razoável de acertos o resultado. Aprendi com o tempo. Ou eu achava que tinha aprendido.

Eu basicamente dividia a obra dele em duas categorias básicas: contos e romances. Poemas, novelas e afins incluídos no primeiro.

Eu não posso mais fazer isso.

E o motivo é um só: este livro.

Uma vez eu disse a uma amiga (e insisti bastante neste ponto) que O Oceano não é um livro do Gaiman, mas sim um conto de terror do Gaiman.

Não tenho certeza se ainda concordo comigo mesmo. E nem tenho certeza se discordo tampouco. Mas eu estou me adiantando.

O Oceano tem estrutura de livro, e conteúdo de conto. Como os contos de Fumaça e Espelhos, ou aquelas histórias publicadas apenas uma vez num número de uma revista ou antologia bem shady, e que te fazem pensar sobre ela durante dias depois de terminada.
O Oceano é incômodo e perturbador. A sensação que tive lendo-o é a mesma que tenho ao ler os contos de Cortázar, nominalmente As Babas do Diabo. É uma pulga atrás da orelha, que se apresenta através de uma espécie de frio na barriga, ao mesmo tempo incômodo, desagradável e delicioso. Viciante e frustrante. Deixa um gosto seco na boca, e o sentimento de que não poderia ter acabado ali, um desespero moderado.



Uma pausa. Eu adiei muito escrever sobre isto porque eu ainda não sabia como fazê-lo. Para falar a verdade, ainda não sei. Pensei em fazer uma resenha, mas não seria certo. Eu escrevi aqui duas resenhas sobre algo que eu adorei, e uma sobre algo que me decepcionou. E eu não adorei O Oceano. Tampouco posso dizer ele me decepcionou. Ele habita o espaço entre o "Amar de paixão", o "tem algo nele que me elude" e "não é o que eu esperava". Acho que o melhor é continuar como estou, relatando as minhas reações ao lê-lo.



A poética do Gaiman é perceptível aí. Há referências mitológicas, intertextualidade com outros livros dele,  alusões a personagens que aparecem em pelo menos três outras obras dele, importância da infância na idade adulta, mistério e originalidade. Dá quase para sentir os dedos de Caim na obra, e tenho certeza de que nunca vamos descobrir uma coisa, pequena e identitária, e isto me incomoda. Há algumas técnicas literárias que podem ser destacadas, em especial o mise en abyme e o tipo de narrador, que não comentarei para evitar possíveis spoilers.

O Oceano no Fim do Caminho não é uma leitura fácil. Não pela linguagem, mas pelo livro em si. E a tradução de baixa qualidade que a Intrínseca mais uma vez realizou não ajuda. Na minha lista de piores editoras brasileiras, a Intrínseca consegue superar a Rocco.
Eu deveria reler O Oceano. Mas não vou reler tão cedo, por uma razão similar à de eu não reler Entes Queridos: eu não estou preparado. Talvez nunca esteja.
Abaixo, duas edições. Uma é a edição de colecionador, limitadíssima, autografada e numerada, e a outra é a nova edição americana. A capa é mais bonita, e o autografo é bem humorado.



Este é um dos livros mais adultos e complexos que já li. Um dos mais diferentes também. E até hoje, quase um ano após lê-lo, pensar nele me traz aquele frio na barriga.


Não sei como terminar este texto de um gênero que não sei identificar. A GLaDOS teria uma forma imaginativa de terminar isto aqui, enquanto consegue sarcasticamente me insultar e ainda dar um jeito de inserir uma batata no meio. E uma torta.

Mas isto seria uma mentira maior que a torta.

domingo, 29 de junho de 2014

Insonso, inexpressivo e frígido.

Eu me alimento de contos de fadas e releituras de obras. Não são as únicas coisas que compõem minha dieta, afinal, como me apontou uma amiga, butthurt alheio e lágrimas de recém-nascidos são intensamente saborosos.
Crianças não domesticadas por seus pais, quando bem assadas e servidas com uma maçã na boca e um pouco de tempero de limão são de uma crocância irresistível também. As que foram condicionadas para viver em sociedade são liberadas.


Regina, a Rainha Má.
Este meu gosto por contos de fada e releituras influencia pesadamente o que eu leio, assisto e jogo. Isto me leva a devorar com fervor basicamente todos os filmes da Disney, todos os livros do Gaiman, ser apaixonado por Regina, a Rainha Má de Once Upon a Time (que talvez um dia ganhe um post próprio) e consumir zilhões de obras baseadas nos contos dos Irmãos Grimm, das Mil e Uma Noites, do folclore japonês e mais uma infinidade que não tenho espaço o suficiente para preencher.

Caramba, até mesmo os filmes inspirados em um certo deus guerreiro europeu anti com cabelos mais sedosos que os de uma diva de comercial de shampoo eu assisto. E eu gosto.

Não preciso expor meu amor pelos livros do Gaiman e nem pelo Gaiman, todos sabem que estas palavras chave me summonam de qualquer lugar que eu esteja, e ver uma pessoa com uma camisa de Sandman me faz ricochetear nas nuvens.

Snow em The Wolf Among Us
Algumas semanas depois de me prostituir para comprar Cinderella, spinoff de Fables em que a protagonista é, adivinhe, Cinderella, eu forcei meu dinheiro na tela do computador e levei The Wolf Among Us, outra adaptação/spinoff de Fables para videogames, onde você joga com The Big Bad Wolf tentando resolver Mistérios de Assassinato (High-5 pela referência a Neil Gaiman o/).  Este me encantou por diversos motivos, entre eles por ter a primeira Branca de Neve que 
a) tem personalidade
b) é linda (embora eu possa ter atribuído o "linda" por estar encantado pelo fato de que ELA TEM UMA PERSONALIDADE!!!)

Peço a quem ainda estiver vivo lendo, minhas sinceras desculpas pela prolongada introdução, e digo que isso não vai se repetir (mentira, vai sim, sou desses -inserir gargalhada maligna-), pois neste momento chegamos ao meu ponto de liaison.

Branca de Neve.

Personagem insuportável, sem graça, sem sal, metida e que é invariavelmente suplantada em charme, personalidade, apelo e beleza pela Rainha Má. Na história original foi assim, no filme da Disney de 1900 e Meu Calendário Não Vai Tão Longe foi assim, em Once Upon a Time foi assim (Mary Margaret/Snow é aceitável, mas é completamente eclipsada por Regina. Regina S2) e, principalmente, em Branca de Neve e o Divo Loiro Caçador.

Às vezes um personagem cai como uma luva para o ator. A Lena Headey é perfeita para o papel de Cersexy Cersei. O Robert Downey Jr. é inegavelmente o Stark. Courtnee Draper é a Elizabeth.
E às vezes a atriz é a Kristen Stewart.



De uma certa forma, ela foi perfeita para o papel de Snow, pois assim como sua personagem, ela é insuportável, sem graça, sem sal, e mais uma vez foi suplantada em charme e beleza pela Rainha.
Personalidade nem tanto, porque a Aeon Flux não convenceu muito também não.

Contando com um roteiro genérico sobre como a Rainha matou o pai de Snow, e por algum motivo se apiedou dela, e blá blá blá Príncipe Apaixonado completamente estereotipado que não vou mencionar mais e nesta única menção ele teve mais atenção do que no filme completo, blá blá blá, a Rainha tem uma justificativa blá blá blá má atuação de todas as partes blá blá blá, dormi no meio do filme. Há um plot twist tão previsível que chega a dar dó, e a Rainha querendo dar uma de Elizabeth Barthory simplesmente não convenceu.
O filme é monótono do início até o meio. No meio Snow White morre. Este é o ponto alto do filme, e da atuação de Stewart. Eu nunca vi um cadáver mais convincente. Quando vi ela comendo a maçã eu quase derramei uma lágrima. Então ela acordou e fez um discurso que é um misto de emoções conflitantes: eu não soube se dormia de tão tedioso e inexpressivo ou se chorava de tão ruim.
Na verdade, eu fiz os dois.

Desculpem pela péssima qualidade. É melhor assim.


Esta foi a minha reação à cena acima. Snow não conquista nada pelo que ela faz. Ela conquista pelo que ela é. Apenas. Há uma doçura inerente que me faz querer vomitar. A filmografia é feia. O "amor" demonstrado no filme não é mais do que uma amálgama de estereótipos e previsibildades.

Esta masturbação fílmica se arrasta durante 100, 120 minutos, que mais parecem uma vida inteira.

Eu não esperava nada da Stewart. Eu nunca fui com a cara dela. Eu esperava um pouco da releitura per se. Eu esperava um pouco do Caçathor, mas a única coisa que ele faz é aparecer bonito e machista na câmera esfaqueando pessoas enquanto mantem o cabelo impecável. E, principalmente, eu esperava muito mais da Rainha.
É fácil eu me adorar um vilão/antagonista/anti herois..
Eu amo Jackal. Amo de tesão, paixão a Lana Parrilla como Regina (sim, já sei que disse o nome dela umas cinquenta vezes, mas o sarcasmo, charme, personalidade e dedicação são palpáveis... Ela merece) Adoro Handsome Jack e seu humor ferino. Rumple, Malévola (S2 S2 S2 S2) e Loki são amorzinhos também. Scar, apesar de odiá-lo pelo que faz com Mufasa, é charmoso e sarcástico.
Uma última menção honrosa vai a Snape.
Charlize Theron não despertou isso. Nem um mesmo sentimento de pena quando há um flashback para a infância dela: Ravenna não foi cativante.
Os personagens são extremamente mal construídos, e o personagem de maior profundidade (este seria o Espelho, Espelho Meu) está mais alto que os Alpes Suíços. Os outros são meramente cascas vazias, folhas secas.

 Agora, ISSO SIM é um vilão.

O filme tenta inserir temas como vilões justificados e machucados, "feminismo" (atenção para as aspas enormes, a "feminista" tem o discurso de que todos os homens são seres desprezíveis),  e a importância da infância na nossa vida adulta. Tenta. O resultado é, sob última instância (e sob primeira também), uma tragédia. O filme é completamente insonso, inexpressivo e frígido.
Ah, eu não falei ofensivo. Apenas dois exemplos, não entrarei nem na seara do racismo, pois não existem negros no mundo ou o machismo do Caçador, um bêbado estereotipado que não fez absolutamente nada para merecer seu nome no título, e que cuja simples existência me ofende como uma pessoa, e mais ainda como um homem. Tá, entrei. Novamente, sou desses.
Em uma dada cena, Snow encontra mulheres de um vilarejo sem homens. Todas tem cicatrizes no rosto. Papo vai, papo vem, uma delas diz à nossa querida protagonista que as cicatrizes são para protegê-las da Rainha, pois deixando de serem bonitas, estariam protegidas de Ravenna. A estratégia foi inteligente, isto eu tenho de conceder.
Mas eu me senti pessoalmente ofendido. Sempre tive muita acne, e o resultado disto é mais de uma centena de cicatrizes de acne espalhados por todo o corpo. Cicatrizes são, em sua maioria, eternas.
O outro ponto extremamente ofensivo é uma das próprias motivações da Rainha, que é pautada num discurso extremamente falho também: o envelhecimento feminino é uma coisa negativa, ruim, a ser evitada, e quando a mulher envelhece, perde toda a sua beleza e poder.




Há, no entanto, uma parte inegavelmente boa: os créditos. Por quatro motivos.

O primeiro é que a arte é bonita. O único momento em que a filmografia foi bem feita nesta massa desconjuntada de erros.
Segundo, o nome das atrizes vem antes dos nomes dos atores, o que, infelizmente, ocorre em pouquíssimos filmes.
O terceiro motivo é que O FILME ACABOU, simplesmente.

Tudo isto não chega nem perto da alegria que é o quarto.


Feche os olhos,  coloque o fone, e comece a cantar junto com a Flo.
Quando a voz da Florence preencheu meus ouvidos, aquele tédio todo foi momentaneamente esquecido. Desde então eu estou escutando ela repetidamente. Amo essa música desde antes do lançamento desse "filme", e sabia que ela aparecia em um momento dele. Mas a alegria foi intensa.

Minha reação exata foi esta.

A versão acima não tem a música completa, mas gosto de coisas em preto e branco, e a Flo tá linda.

Se alguém quiser, aqui está a música completa.

Na verdade, estou ouvindo ela neste exato momento. Amo músicas com choirs. E eu bato palmas ritmadas para pelo menos metade das músicas dela, haha.

Talvez um dia eu escreva sobre alguns dos personagens que citei aqui.
Talvez um dia eu escreva sobre algumas das releituras que realmente foram boas.
Talvez um dia...

Enquanto este dia não chega, enquanto este fervor não começar a se espalhar do meu coração até as minhas pernas...


"And my heart is a hollow plain, for the Devil to dance again."


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

"Você quer brincar na neve?"

Sabe quando você não tem grandes expectativas para algo, mas ainda assim, você vai adiante e faz a coisa, e se surpreende porque esta coisa realmente não apenas superou suas baixas expectativas, mas sim pegou elas, amassou bem direitinho, pisou, cortou com a faca, meteu num foguete, mandou bem na direção do Sol, tirou do foguete, deixou congelando no vácuo por um tempo ("O frio não vai me incomodar"), terminou de mandar pro Sol, esperou derreter, e mandou na direção de Betelgeuse cantando musicas da Disney?

Pois isto me aconteceu hoje.

E eu pensei em escrever um pouco sobre isso.

Fui ao cinema hoje. Minha presença em cinemas é esporádica, para dizer o melhor. Se vou 6 vezes por ano, é muito. E não é porque não gosto, mas porque não eu me lembro. Isso e o fato de que a maior parte dos filmes que tem chegado aqui são obrigatoriamente dublados não é uma coisa que me ajude muito. Mas hoje eu me aventurei a ir ao cinema, e tive uma broxada violenta ao me deparar com uma fila quilométrica. Para uma pessoa que já não estava muito sair de casa num calor insuportável para ir ao cinema ver um filme e se deparar com uma fila gigantesca é um balde de água geladíssima.

Tinha escolhido uma animação, porque animações, em especial da Disney, nunca podem dar muito errado. E eu, crianção do jeito que sou, adoro animações. Estava munido apenas do horário da sessão e do nome do filme, não tinha visto sinopse, trailer, nada. Tive 20 minutos de trailer de brinde e um rebanho de pentelhos mal educados que não calavam a boca e não se sentavam na cadeira como vizinhos.

Então... O filme começou e em apenas 2 minutos de filme eu. Não. Piscava. Mais.
Elsa e Anna

Num país nórdico medieval, há duas princesas criancinhas, Elsa e Anna. Anna é uns 3 anos mais nova que Elsa. Um dia Anna, criança espoleta que é, acorda uma sonolenta Elsa para irem brincar na Neve. Até aí tudo bem, um país nórdico tem neve por pura e simples definição.
Mas elas nem saem de casa. Ou de castelo, para ser mais verdadeiro. Ao invés disto, vão para um cômodo muito amplo onde Elsa começa a conjurar gelo com as mãos. As meninas de divertem muito, até que um acidente acontece.




Elsa e o Príncipe. Não respectivamente, claro.
Alguns anos se passam, as meninas crescem distanciando-se umas das outras e isoladas do mundo, até o dia da coroação de Elsa chega. Então algo acontece... Em pleno verão, um inverno perpétuo se instaura. As irmãs tem que tentar resolver isto.
Claro, há um príncipe. Um diálogo muito interessante sobre a relação entre os príncipes/princesas é travado.
Há uma boa quantidade de referências à mitologia nórdica, trolls, gigantes de gelo. Há uma diferente visão dos vilões e também há drama.
A animação tem muito humor e leveza, mas é triste. É tão bom quanto Enrolados, que eu também amo de paixão, mas é diferente.

Diversos temas complexos são abordados, e te fará repensar sua relação com seu trabalho, com seus irmãos e, em especial, consigo mesmo.
Aceitação.
Auto-aceitação.
Fraternidade.

Em cerca de 100 minutos, meus sentimentos andaram numa montanha russa. O filme é belíssimo.

Conflito por amar demais.
As ações de ambas são movidas por amor à outra. Isto é importante ser notado. E esta é a razão de todo o conflito. Lembrei agora daquela música do Queen... "Too much love will kill you anytime".

O filme me brindou com uma reviravolta que eu NUNCA esperaria de um filme da Disney.
Que eu nunca esperaria de uma animação.
Que eu nunca esperaria, para falar a verdade.
E leiam "NUNCA" em letras garrafais, vermelhas, em itálico, negrito, sublinhadas e em Comic Sans. Por que em Comic Sans? Porque eu posso.

Tem outro personagem tão fofinho, que é uma rena que está mais para um cachorro... Muito delicioso :3. Eu quero uma rena.

Antes de enfiar mais uma imagem goela abaixo de vocês, uma música, claro. Animações da Disney sem música não são a mesma coisa!
Mas esta é especial... É uma das músicas mais expressivas e marcantes do filme, e o audio deste vídeo foi recortado e montado de forma é cantado em 25 idiomas, um de cada vez, por uma dubladora diferente. As vozes são muito parecidas, e lindas. Um fato que eu gostei muito foi que a variedade do português escolhida para este vídeo foi a europeia, então prestem atenção.


Eu estou me questionando o porque de eu não passar mais tempo com meu irmãozinho, que eu amo de paixão, e que só vejo aos finais de semana...
To me questionando tanta coisa...
Frozen me fez questionar tudo isso.


(Faz uma pausa no monólogo da vagina)
Amanhã será o aniversário de 3 pessoas que conheço. O mais interessante é que eu não conheço efetivamente nenhuma delas. No entanto... Lhes desejo absolutamente tudo de bom, muitas animações, músicas, vinhos, doces, neve, e maravilhosos sonhos.
(Retoma o monólogo)


Há defeitos no filme? Sim, dois.
A dubladora de Elsa teve uma voz muito... Velha, embora bonita.
O outro defeito é que, aparentemente, animações tem censura "L", o que quer dizer que toda e qualquer criança mal educada acompanhada dos pais pode ir assistir e abrir a boca nos momentos mais impactantes do filme e contar um maldito spoiler, te fazendo desejar que os pais desta criança tivessem sido estereis.
Defendo a criação (eu ia digitar "crianção" LOOOOOOL) de um horário onde as crianças são proibidas de entrar nas animações.
Ah, a propósito... O público foi muito variado. Tinha, é claro, cerca de 30% da sala de crianças. Mais uns 20% de pais. Os outros eram jovens, adultos e até pessoas de mais idade. Me surpreendi muito ao ver isto. Achei que eu seria uma das únicas pessoas maiores de 18 que não foi acompanhado de uma criança.
Fiquei feliz de ter me enganado.
Dica de amigo: vá num horário que seja menos provável de encontrar um pentelho criança.

Personagens principais... Ou quase todos.



Há mais algumas coisas a serem ditas. Primeira delas: bons sonhos.

Segundo que eu não recomendo que vocês vejam o próximo vídeo se não tiverem assistido ainda esta maravilha que eu mal posso esperar a hora de sair em DVD para adicionar à minha videoteca :3

Terceiro e quarto... "Você quer brincar na neve?"